Falência ameaça Tavares Rico. Restaurante de luxo

02-05-2011 00:00

  Como se pode verificar na edição digital do Jornal I de hoje, os gravíssimos problemas da Empresa Fenix já se alastraram às restantes empresas do mesmo proprietário, incluindo o célebre e conceituado restaurante "Tavares Rico"!

    Contrariamente aquilo que vem argumentado na imprensa, estamos convictos de que não se tratará de uma mera consequência da crise, mas sim duma clara incapacidade empresarial nitidamente plasmada na trágica forma como a exemplo disso, foi administrada a empresa de Segurança "Fenix"  que para além das desprezíveis condições a que sujeitava e continua a sujeitar os seus colaboradores, prejudicou todo o tecido empresarial desta importante actividade.

  Entendemos ainda que para além das responsabilidades que urge apurar, há importantes ilações a retirar de tudo isto, nomeadamente da parte daqueles que perante a possibilidade do lucro fácil e rápido se sentem tentados em atropelar os mais basilares direitos dos profissionais.

  Esta será certamente uma historia sem vencedores e na qual todos temos a nossa cota parte de responsabilidades, mais que não seja pelo silencio conivente que durante demasiado tempo permitiu que fossem destroçadas centenas de vidas  

   

 "Falência ameaça Tavares Rico. Restaurante de luxo não paga dívidas

por Adriana Vale, Publicado em 02 de Maio de 2011

 

 

Um dos ex-fornecedores cansou-se das dívidas e pediu a declaração de insolvência no Tribunal do Comércio

O restaurante Tavares Rico também está a ter problemas em resistir à crise. A Qual House, uma empresa que fornece produtos alimentares, reclamou a falência do estabelecimento, alegando que este não está a regularizar as dívidas em atraso. Mas não é a única empresa a reclamar, garantiram ao i fontes próximas do caso.


Uma das proprietárias de uma banca de produtos do mercado biológico do Príncipe Real, em desespero de causa, chegou a exibir um cartaz improvisado onde reclamava à semelhança da cantiga da Deolinda“Que parva sou eu” em estar a “sustentar” o Tavares Rico. Mas a iniciativa terá conseguido sensibilizar os devedores. O mesmo terá acontecido ao responsável por algumas obras recentes no estabelecimento. Nesse caso, terá sido a visita dos oficiais de justiça com ordem para penhorar equipamento que garantiu o pagamento das remodelações.

 

 


No segmento dos fornecedores dos vinhos, também há quem comente os problemas financeiros do mais famoso restaurante de luxo de Lisboa. O i tentou contactar o restaurante e a empresa que pediu a insolvência, mas sem sucesso até ao fecho da edição.

 


A história do Tavares não podia ser cinzenta. Passou dramas e sucessos como qualquer diva. E os últimos meses não têm sido de bonança. Em Janeiro de 2011, o chef José Avillez bateu com a porta por “divergências insanáveis com a administração”. Foi este chef que levou o restaurante ao reconhecimento gastronómico internacional com a atribuição de uma estrela Michelin, em 2009, confirmada em 2010.

 


Em comunicado, Avillez afirmava que ao longo dos últimos três anos tinha desempenhado a sua “função com absoluta dedicação e com o apoio de uma equipa extraordinária”, à qual prestava “homenagem”. O chefe demissionário prosseguia afirmando que “juntos procurámos oferecer sempre o melhor com o objectivo de devolver o restaurante Tavares ao lugar que a sua história e prestígio merecem. No entanto, face a divergências insanáveis com a administração do restaurante, tomei a decisão de deixar o Tavares. Apesar da minha saída, desejo, sinceramente, que o restaurante reencontre rapidamente o seu caminho”.

 


O cargo passou para o chef francês Aimé Barroyer que já esteve no restaurante Valle Flor do Pestana Palace, em Lisboa, e no Oitavos, em Cascais.

 


220 anos de história O restaurante é um dos mais antigos da Península Ibérica e já tem o estatuto de restaurante de luxo desde 1861. Foi palco de tertúlia política e económica, recebeu Eça de Queirós, Ramalho Ortigão, Guerra Junqueiro e Sidónio Pais. Com 220 anos de história fez obras profundas nas instalações, acompanhadas por técnicos do então IPPAR. A talha dourada foi restaurada, o verde deu lugar a um vermelho novo. Os espelhos ficaram porque o IPPAR não deixou que fossem substituídos, tendo em conta o seu valor no conjunto histórico. O edifício faz parte dos imóveis de interesse municipal.

 


Em 1959 terá passado um período conturbado de sucessivas falências mas sobreviveu com brilho nos anos que se seguiram. O restaurante do Chiado reclama a presença de clientes tão importantes como Eisenhower, Fellini, Amália e Almada Negreiros. O preço médio de uma refeição, dizem os guias, é de 75 euros. E continua a funcionar."